O filme  vencedor do Grão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cinema de Vassouras no Vale do Café é “Horizonte” de Rafael Calomeni que estreia na direção.

Ele mostrou habilidade em contar história e em dirigir o elenco, que tem nomes importantes da nossa dramaturgia como Raymundo de Souza, Ana Rosa,  Alexandra Richter e Sueli Franco. O elenco brilhou tanto em suas atuações que recebeu indicação para Melhor Ator para Raymundo Souza, Melhor Atriz Coadjuvante para Alexandra Richter e Melhor Atriz para Ana Rosa. As duas atrizes levaram para casa seus prêmios.  

O roteiro de Dostoiewski Champangnatte constrói a trama que começa contida e vai se expandindo até a virada do personagem. É o roteirista o responsável pela construção de cada personagem. Para entender a essência do roteiro e as delicadas nuances dos personagens é preciso que o diretor mergulhe profundo e leve sua equipe nesse mergulho. A fotografia ajuda a mostrar os momentos de Rui.

Rafael Calomini conta uma história linda sobre o amor na 3ª idade que se passa em Aparecida de Goiânia, município que pertence a Região Metropolitana de Goiânia, Capital de Goiás. O que é bom!  É importante que o Brasil faça cinema em todos os cantos e conheça mais sobre sua cultura e seus lugares. Um fator interessante é o café goiano. O uso desse elemento funciona muito bem para mostrar a cultura dos Goianienses. O gosto pelo café e seu modo diferente de preparar atinge um objetivo ao ser incluído em em cenas do dia a dia e tiveram um resultado fluido e positivo. Pode parecer apenas um detalhe, mas o cinema tem isso de bom, a oportunidade de abrir possibilidades de informação em detalhes. O modo de preparar um café no sudeste do Brasil é diferente.  Eles colocam o pó na água fervente e depois passam no coador de pano e adoçam. Como a maioria das histórias que vemos no cinema nacional fala dos grandes centros onde se faz cinema, quando mudamos a região, abrimos um novo leque de conhecimento sobre a cultura do dia a dia dos brasileiros fora do grande eixo, Rio/SP.

E já que estamos falando em detalhes, podemos ver nos pequenos detalhes, nos pequenos gestos, a riqueza do trabalho realizado pela direção de arte. Os figurinos também nos localiza na história em termos de ponto de partida, desenvolvimento e chegada. A progressão do personagem também é pontuada pelo seu figurino. 

E isso, nos ajuda a embarcar confortavelmente na história de Rui, um senhor de 71 anos que vivia com o irmão Pedro e o sobrinho-neto Júnior interpretada pelo ator goiano Arthur D’Farrah, em uma casa com um barracão, uma pequena casa no quintal da casa principal, muito comum em Minas Gerais e Goiás.

Tudo começa quando Pedro morre e chegam para o velório, enterro e coisas que todos lidamos quando alguém da família morre, o filho de Pedro, Juarez que não se dava bem com o pai, nem com o tio e nem com o filho mais velho e chega com a esposa interpretada por Alexandra Richter e a filha interpretada por Pérola Faria. O sobrinho violento resolve se apropriar da casa e criar regras que tornam a vida de Rui um inferno. Ele só tem contato com o sobrinho neto que vive com ele no barracão e a vizinha interpretada por Sueli Franco. Ele resolve mudar o rumo da sua vida e vai viver na Vila Horizonte, um projeto de uma ONG para ajudar pessoas da 3ª idade sem condições de morar em sua própria casa.

Ao chegar na Vila Horizonte ele conhece sua vizinha Jandira interpretada por Ana Rosa. Rui e Jandira se aproximam aos poucos e a construção dos personagens e seu desenvolvimento gradativo mostram uma história consistente e cativante. É fácil se conectar com eles.

O final do filme nos faz querer ver mais de Rui e Jandira. Não vou contar detalhes, mas se o filme faz isso, ele realmente funciona e alcança seu objetivo, conectar o público com a história, os personagens e nos faz refletir sobre as possibilidades da vida mesmo na 3ªidade. Afinal, amor não idade, não tem fronteiras e é para todos.  

Esse com certeza é um filme que vale a pena ir para as salas de cinema em todo Brasil. Vamos Aguardar!

 

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