Um filme com a força que o cinema precisa!

É maravilhoso ver que o cinema está de volta em todo seu esplendor. Numa era em que o CGI tem sido usado em demasia, Christopher McQuarrie e Tom Cruise mostram para o mundo que é possível fazer cinema com locações reais e cenas de ação reais e o uso de CGI se restringe apenas a colaborar com o filme em alguns momentos e de forma discreta, quase imperceptível. Eu digo quase por que por mais bem feito que seja, nós sabemos que tem um CGI na famosa cena da moto, além de um detalhe quase imperceptível, quando a moto sobre a montanha rochosa, o chão estava muito liso, sem nenhum obstáculo de um chão irregular e cheio de pedregulhos. Isso é só um detalhe para mostrar que o CGI pode ajudar e não resolver tudo. A cena é espetacular e já está marcada com uma das cenas marcantes do cinema, assim como no primeiro Missão Impossível de 1996, a cena da decida na corda ficou imortalizada. 

 

O sétimo filme da franquia traz de volta a paixão de fazer cinema para a sala de cinema com toda sua grandiosidade sem usar o CGI como muleta. Os planos abertos, o bom ritmo, e uma trilha sonora marcante e precisa nos momentos certos, faz esse filme se tornar uma referência para trazer de volta a experiência de ir para a sala de cinema. 

 

O filme não é perfeito, talvez nenhum filme seja, mas o importante não é a busca por algo que não existe, a perfeição, e sim, uma história bem contada. Isso Christopher McQuarrie soube como fazer!  Além disso, soube dirigir muito bem seu elenco. Mesmo McQuarrie tendo a habilidade com planos abertos, não tem como deixar de comentar alguns problemas no roteiro.

 

Sim,  os problemas do filme estão no roteiro. Como é o sétimo filme da franquia, não cabe mais voltar a usar o roteiro básico com motivações repetidas e cansadas. A jornada do herói traça um herói em crescimento, um mentor, uma perda, uma motivação para alcançar a meta e salvar o dia, já que em toda estrutura clássica o vilão consegue o que deseja para o herói poder salvar o mundo. 

 

Não faz sentido recomeçar isso. Ele já passou por tudo isso. Agora é seguir a jornada em frente, e não repetir a mesma fórmula nos filmes seguintes.

O time já foi formado e o público já está conectado aos agentes da MIF Ethan, Luther, Benji e Isla. Ele mais uma vez, resolve matar mais um personagem, sem nenhuma necessidade, e não é spoiler, todo mundo sabe que Ethan é o protagonista e ele precisa do Luther e Benji e a escolha dele foi matar Isla. Como tem parte 2, ainda existe esperança de trazer Isla viva.   

É importante ressaltar que a franquia é baseada na série clássica dos anos 60 e 70 de mesmo nome. A divisão MIF é um grupo que é acionado para pegar um criminoso que ninguém consegue pegar. Depois que o time da MIF pegam seus alvos, eles somem. Isso foi usado pela primeira vez, no quinto filme, “Missão Impossível: Nação Secreta”.

O grupo demorou para ser formado. No primeiro filme, eles transformaram o líder da equipe da série, Jim Phelphs (Peter Greves) em vilão, que na versão do filme, foi interpretado por Jon Voit. Isso já foi um banho de água fria para os fãs da série.

Ethan Hunt é um personagem criado para o filme e não existia na série. Ele foi criado para Tom Cruise ser o líder da equipe no cinema.

A primeira equipe é morta, o líder é transformado em vilão, para fazer parte da virada da história. Com isso, Ethan monta uma nova equipe com Claire, Franz Krieger (Jean Reno) e Luther, interpretado por Ving Rhames que é o único que continuou na franquia junto com Tom Cruise desde o primeiro filme. A equipe de quatro integrantes passa para apenas dois, já que Claire e Franz trabalhavam para Jim.

Depois, entra para a equipe no terceiro filme, “Missão Impossível III” Benji, interpretado por Simon Pegg, que levou o personagem a um carisma elevado com os fãs da franquia.

A equipe só realmente começa tomar forma e a franquia se aproxima mais da série clássica que se baseia no quarto filme, “Missão Impossível: Protocolo Fantasma” com Ethan, Luther, Benji, Jane Carter e William Brandt. Os dois últimos interpretados por Paula Payton e Jeremy Renner.

No quinto filme, o personagem de Paula Payton, Jane Carter nem é mencionada. E entra em cena a britânica Isla Faust, interpretada por Rebecca Ferguson. Já no sexto filme, Brandt de Jeremy Renner não retorna porque o diretor Christopher McQuarrie cismou em matar alguém da equipe. Com a desistência de Renner, McQuarrie acabou matando Alan Hunley, o personagem de Alec Baldwin que era o chefe quem dava apoio a equipe.

O time firmou em Ethan Hunt, Luther, Benji e Isla. Então a equipe levou anos para chegar na sua melhor formação e mais uma vez, McQuarrie errou em querer repetir a fórmula cansada de matar personagens próximos a Ethan.

Desta vez, ele inclui um personagem novo para o lugar de Isla, a ladra Grace, interpretada por Harley Atwell, mais conhecida por seu personagem, Agente Peggy Carter, da Marvel. A atriz está bem? sim, está, Mas está longe de ter o carisma e as habilidades de Isla. A Rebecca Ferguson conquistou seu lugar na franquia e não faz o menor sentido matar essa personagem.

No texto do vilão Gabriel interpretado por Essai Morales, ele diz: “uma das duas vai morrer”.  Para que isso?  Não precisa trazer uma personagem nova para o grupo, se o grupo estava pronto, coeso e com vínculo afetivo com o público.  Perder Hunt não é uma opção, Luther, Benji e Isla são fundamentais para o grupo funcionar. Ethan não funciona sem eles. Simples assim. Ela ainda é importante porque é a única possibilidade de Ethan ter um relacionamento.

Temos a volta da viúva Branca, Alana Mitsopolis, interpretada por Vanessa Kirby que está bem confortável em voltar com essa personagem.

Fica aqui outro problema do roteiro, os personagens Luther e Benji poderia estar mais presentes no filme. Focou muito em Hunt e Grace, que não faz muito sentido.

Mas entre pontos positivos e negativos o filme tem mais pontos positivos e vale pagar um ingresso em uma sala de cinema com tecnologia.

Tirando esses probleminhas, o filme é bem dirigido, e flui tão bem que não se sente as 2h43m de filme.  

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