O cinema sempre se inspirou em histórias vinda de livros, quadrinhos, peças de teatro, games, músicas e brinquedos. Sim, brinquedos! Alguns brinquedos já ganharam espaço no audiovisual e a boneca Barbie produzida pela Mattel, já teve alguns filmes em animação e pela primeira vez ganha um live action.

Não tem como discordar que esse é o trabalho de marketing mais bem feito do ano. Antes mesmo de ser lançado, o rosa tomou conta do mundo e as expectativas eram altas até mesmo para aqueles que nunca tiveram uma única Barbie.

Se o filme seria bom ou não, deixou lugar para a curiosidade de como seria a história do filme da Barbie. O que ficou claro ao sair da sala de cinema é o filme vale o passeio!  É divertido e tem mensagens a serem observadas. A Diretora Greta Gerwing é conhecida por filmes que tem o que dizer como: “Noites e Fim de Semana” (2008), “Lady Bird” (2017) e “Adoráveis Mulheres” (2019). Sempre com temáticas femininas. E com Barbie não seria diferente.

Então o filme é divertido, com boa qualidade técnica e ainda tem mensagens para pensar em algumas questões.   

Para começar a escolha do elenco foi acertada. Margot Robbie ficou perfeita de Barbie. A expressão corporal foi impressionante e ela realmente incorporou a boneca nos mínimos detalhes. As mãos de Margot Robbie ficaram o tempo todo no formato das mãos de todas as Barbies, os 4 dedos juntos e o polegar da boneca nunca foram articulados ou mudaram de posição, apenas o punho mexia, isso de algumas. Os pés foram importantes referências de crítica. Os pés da Barbie sempre são curvados para sapatos de salto alto e o uso de sandália baixa era inviável.   Os saltos e a sandália tem uma conotação de imposição da moda para as mulheres. As roupas estão muito bem replicadas.

A primeira aparição de Barbie foi com a primeira roupa usada pela boneca em março de 1959. Então a figurinista Jacqueline Durran deve ter se divertido a replicar as roupas da boneca. Na infância muitas meninas e algumas mães costuravam roupas de boneca. Jacqueline Durran conseguiu um ótimo resultado, não apenas com as roupas de todas as Barbies, mas com as roupas de todos os Kens e dos bonecos e bonecas criados pela Mattel que saíram de linha. Principalmente o Ken de Ryan Gosling com elementos do boneco e elementos masculinos quando ele conhece o mundo real.

Os comportamentos dos personagens refletem muito do comportamento de sociedade e um embate de empoderamento entre meninos e meninas começa relembrando muito na infância onde se tem a divisão meninos contra meninas. Vale lembrar que nem todos os meninos estão do lado dos Kens. O boneco Alan interpretado por Michael Cera que é contra o que os Kens querem fazer e se une as Barbies. Vale lembrar que o Alan foi criado para ser outro boneco como o Ken, mas não funcionou como a Mattel esperava, ele saiu de linha. Ele foi bem aproveitado no filme. Outro personagem interessante é a Barbie Detonada, interpretada por Kate McKinnon. Ela ficou perfeita em representar as Barbies que foram detonadas por meninas que não cuidavam de suas Barbies, riscando e cortando o cabelo. Não poderiam escalar atriz mais perfeita para o papel. Já no lado dos Kens, o Ken interpretado por Simu Liu faz um ótimo contraponto com o rival do Ken de Ryan Gosling.

Precisamos lembrar que a Barbie nasceu em 1959 e os conceitos, filosofias de cada período até 2023, precisam ser levados em conta antes de julgar  e condenar o certo e o errado nos parâmetros de hoje. Para cada período a sociedade tinha regras de convivência diferentes que foram mudando com o tempo.

A crítica as vezes está explícita e as vezes está nas entrelinhas. O roteiro escrito por Noah Baumbach, parceiro da diretora Greta Gerwing, trabalha muito bem a trama central, mas deixa alguns temas como a Barbie Grávida Midge, interpretada por Emerald Fennell e os bonecos Suggar Dad Ken, interpretado por Rob Brydon e o Ken Sereio interpretado por John Cena pouco explorados, mas suas aparições são divertidas e proporcionam boas risadas.

A narração de Hellen Mirren está ótima fazendo referência ao filme “2001 – Uma Odisseia no espaço” e outras referências cinematográficas também ficaram divertidas como uma menção de “Liga da Justiça – Snydercut” e outros elementos da cultura pop. 

Apesar das humanas do mundo real não parecerem ter muita serventia no filme, quando observamos com mais calma, as personagens Glória (América Ferrera) e sua filha, a adolescente Sacha (Ariana Greenblatt) mostram como a mãe está ainda conectada à Barbie e a filha já não vê mais graça.  Desconexão entre mãe e filha acaba sendo exposta para ver o retrato de algumas mães e filhas com interesses diferentes e o desinteresse da filha em se conectar com a mãe. A Barbie reconecta as duas, mas como isso acontece, só assistindo o filme.

O interessante é poder observar várias mensagens e quem sabe na próxima vez que assistir, descobrir mais e mais coisas e elementos.

E por falar em elementos, não podemos deixar de falar da riqueza de detalhes com que a dupla Andrew Max Cahn e Dean Clegg trabalharam a direção de arte. Cada detalhe, cada elemento foi reproduzido com o requinte que o mundo da Barbie pede.

A fotografia de Rodrigo Pietro é viva e valoriza as tradicionais cores da Barbie tendo como paleta principal o Rosa e o azul Bebê.

A Trilha sonora entrou na brincadeira  e a dupla Mark Ronson  e Andrew Wyatt criaram músicas divertidas e que casaram bem com os elementos do filme. Tem números musicais interessantes, mas tem um número com os Kens, que ficou espetacular.

A edição de Nick Houy faz com que a Barbie tem uma montagem genial para colocar os elementos nos seus devidos lugares e proporcionar um bom ritmo para o filme que nem sentimos o tempo passar.

No fim das contas, Vale assistir nos cinemas e embarcar na brincadeira do Rosa!

Um lembrete, aos país e responsáveis, o filme tem classificação indicativa para 12 anos. Então nada de levar os menores de 12 anos para assistir nos cinemas. Os menores podem não entender as muitas mensagens e referências preparada para os maiores.   

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