Durante anos, Hollywood investiu dinheiro em histórias que o bem lutava contra o mal, e saía vencedor. Esse contexto foi introduzido em vários “blockbusters”, como Harry Potter, A Saga Crepúsculo, Transformers e. em quase todas as produções envolvendo super-heróis, como Superman, Batman, Thor e Homem de Ferro. Mas a situação parece ter se invertido.
Recentemente, alguns filmes passaram a dar maior importância aos vilões do que aos heróis. Um exemplo é Malévola (2014), a adaptação live-action da história da bela adormecida que trouxe como protagonista a bruxa ao invés da princesa. A atriz Angelina Jolie, protagonista do filme, contava com uma caracterização assustadora, gerando medo em muitas crianças. Durante a cena em que Malévola amaldiçoava a princesa recém-nascida, o bebezinho chorava toda vez que via seus enormes chifres.
No entanto, apesar de assustar os pequeninos, a Disney decidiu exaltar a vilã, pois, segundo as palavras do produtor do filme Joe Roth, “o Público adora quem é a encarnação do mal.” Essa visão foi repetida no recente lançamento O Esquadrão Suicida (2016), em que um grupo de vilões é forçado a salvar o mundo de uma feiticeira. Segundo o diretor do filme David Ayer, “esses caras são maus, mas possuem bons corações”. Mas a questão é: uma pessoa de bem tende a ser cruel? Se o esquadrão suicida é composto por indivíduos de bom coração, por que insistem em fazer o mal?
Para conquistar o público, a produção humaniza os vilões, revelando que, mesmo cometendo crueldades, possuem sentimentos puros de amor. O pistoleiro, interpretado por Will Smith, é movido pelo carinho que sente por sua filhinha. Arlequina, interpretada por Margot Robbie, nutre pelo Coringa um amor verdadeiro e não uma paixão doentia. Em determinada cena, é revelado que seu maior sonho é se casar, ser mãe e formar uma linda família com o Coringa. Mas se esses personagens possuem bons sentimentos, por que praticam tanta maldade?
Diferente de todos os integrantes do esquadrão, o personagem Diablo, interpretado por Jay Hernandez, é o único que está disposto a se regenerar. Em dado momento da trama, ele diz estar arrependido por tudo o que fez, chegando até a fazer reflexões sobre Deus. Embora o roteiro cite a mudança de Diablo, os outros oito criminosos estão dispostos a continuar cometendo atos ilegais. A proposta do filme não é ressaltar um grupo de vilões, mas sim, pessoas de bom coração que necessitam fazer o mal para sobreviver.
Hollywood não está apenas exaltando o papel dos vilões, mas está também diminuindo o trabalho dos heróis. Nos recentes lançamentos Batman VS Superman (2016) e Capitão América – Guerra Civil (2016), os mocinhos passaram a se enfrentar ao invés de se unirem contra o mal. Os filmes citados, geralmente tendem a atrair crianças, mas como será o caráter delas após assistirem a filmes em que o mal é humanizado? Como elas vão enxergar os vilões após assistirem Malévola e O Esquadrão Suicida?
Excelente texto, parabéns a crítica!!!
Obrigado, Rodolfo! Continue acompanhando o site Cinema Para Sempre!
Excelente observação. Diante de tal minha mente me levou a uma reflexão sobre um texto que li em um livro que é de ótimo proveito.
Consta nesse livro que existirá futuramente uma batalha entre o bem e o mal onde o mau receberá permissão para ganhar do bem.
Eis o que me pergunto: …seria esse fato uma das preparações que levaria a humanidade de forma inconciente a inércia de não perceber as futuras coisas?
Sim, cada vez mais os valores tem sido invertidos na sociedade e Hollywood tem retratado isso. Me pergunto se as crianças passarão a enxergar o mal como sendo o bem. Mas que bom que gostou do texto, continue acompanhando o site cinema para sempre!
É… não quero ser fanático religioso, mas gosto de estudar a Bíblia e notei que suas observações concordam com o seguinte versículo: 2Coríntios 11:14 “o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz.”
A Bíblia é um livro muito interessante! É uma leitura muito enriquecedora!! Obrigado pelo comentário, Francisco! Continue acompanhando o Cinema Para Sempre!