Baseada na personagem dos quadrinhos de mesmo nome, a série da Netflix Jessica Jones foi  criada por Melissa Rosenberg e tem Krysten Ritter e David Tennant como protagonistas principais. A série aborda a vida da detetive particular Jessica Jones que mora e trabalha em New York. Embora tente manter uma vida pacata como detetive, ela não consegue por conta do seu passado sombrio. Jessica ganhou habilidades especiais ainda quando era adolescente durante um acidente de carro que matou sua família, exceto ela. Ela tem uma força fora do comum e talvez por isso, tenha se conectado com o barman Luke Cage (Mike Colter) que também possui super poderes. Mas quando Kill Grave (David Tennant) retorna usando seus poderes de persuasão para manipulá-la, Jessica sabe que precisa fazer algo para salvar a cidade do controle dele antes que seja tarde demais.

Aproveitando o Dia Internacional da Mulher, a Netflix lançou a segunda temporada da série no dia 8 de março no seu serviço de streaming, por isso resolvi rever a primeira temporada que só tinha visto em 2015 quando a dupla de atores veio ao Brasil para a Comic Con Experience para divulgar a série.

Mas revendo agora, pude analisar a série com um pouco mais de calma e afirmar como ela é bem construída e roteirizada. A modernização da personagem que ficou bem diferente do seu visual dos quadrinhos, foi uma ótima sacada afinal de contas não dá para ter o visual nos quadrinhos no cinema ou na tv. A escalação de Krysten Ritter (que estávamos acostumados a vê-la sempre em papéis cômicos) caiu como uma luva na personagem. Krysten deu um tom sombrio e mal humorado para a protagonista, mas também sarcástica e divertida quando ela quer ser. Seu relacionamento com a irmã adotiva, a radialista Trish (Rachael Taylor) é um dos melhores da série e mostra bem a sororidade entre as duas e como elas se amam e se apoiam, mesmo que nem sempre demonstrem (especialmente por parte de Jessica, que por conta de seu passado sombrio, ela tem feridas não cicatrizadas.)

E o que dizer de David Tennant (nosso eterno Doctor Who) como o vilão Killgrave? Não dá para sentir o mesmo amor pelo personagem. O vilão manipula, abusa e usa os seus poderes de persuasão das piores maneiras possíveis contra Jessica e outros personagens da série. O ator levou sua atuação para um outro nível ao encarar esse desafio ao interpretar um personagem tão problemático e odioso como é o vilão, porque não dá para simpatizar pelo personagem, mesmo depois de descobrirmos que ele foi abusado pelos pais cientistas quando criança, afinal de contas ele optou em usar seus poderes para o mal.

E o relacionamento conturbado entre Jessica e Luke, fica mais ainda problemático quando ele descobre que ela matou sua esposa quando estava sob a influência de Killgrave. O amor doentio (se é que dá para chamar isso de amor, está mais para obsessão) do vilão pela heroína está quase no mesmo patamar do Batman com o Coringa. E com certeza Killgrave é tão doentio quanto o Palhaço do Crime de Gotham. O fato é que a química entre Jessica e Luke é algo notável logo nos primeiros episódios, quando as faíscas entre os dois personagens rolam assim que eles se conhecem. Mas problemas atrapalham o relacionamento deles fazendo com que eles não consigam manter o romance no ar por muito tempo.

Outro personagem importante também na vida da detetive-heroína é o seu vizinho Malcolm (Eka Darville)  que no começo da série é um viciado em drogas, mas graças a Jessica acaba tentando se tornar uma pessoa melhor quando circunstâncias acabam fazendo com que ele ajude Jessica em seu trabalho de detetive.

Mesmo que tente se manter durona e não se importar com os problemas das pessoas, não é isso que transparece. Logo nos primeiros episódios, Jessica pede a ajuda da advogada Jeri Hogarth (Carrie Ann Moss) que a ajuda como pode a inocentar uma garota acusada de assassinar os próprios pais a mando de Killgrave. Jessica ajuda Jeri também com o seu divórcio da ex parceira que está ameaçando seu relacionamento atual, fazendo de sua vida um inferno.

E ainda temos o policial Will Simpson (Wil Traval) que no começo da série se torna outra das vítimas de Killgrave ao ser induzido a matar Trish mas Jessica consegue salvar ambos que acabam iniciando um romance. Mas depois de um acidente, Simpson começou a tomar umas pílulas que deixaram ele fora de si fazendo com que ele se tornasse alguém extremamente perigoso no final da primeira temporada. Não no mesmo nível de Killgrave, mas tão assustador quanto. Nos quadrinhos, o personagem é um dos vilões do Demolidor. Será que a série vai seguir a mesma linha na televisão?

Jessica Jones é uma série atual sobre a mulher atual. É sobre uma mulher machucada, com um passado doloroso mas que continua na luta para fazer da sua vida e do mundo um lugar melhor, mesmo que seja usando seus próprios punhos para que isso aconteça. Ela é teimosa, rebelde, sarcástica, imperfeita, cheia de defeitos mas nem por isso é menos mulher. Na verdade, temos muitas Jessicas Jones espalhadas pelo mundo que estão lutando para se livrarem de seus “Killgraves”da vida real. Afinal de contas, o relacionamento dos dois personagens é uma metáfora de relacionamentos abusivos que vemos em muitos relacionamentos reais. Jessica pode ter conseguido se livrar dele, mas nem todas as mulheres presas nesse tipo de relacionamento tem a mesma sorte.

As duas primeiras temporadas de Jessica Jones já estão disponíveis no catálogo da Netflix.

Texto gentilmente cedido pelo Tabula Rasa

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