Direção: Stephen Chbosky/ Roteiro: Jack Torne, Steve Conrad e Steve Chbosky /Ano: 2017

Em 2016, em uma viagem de trem pela Califórnia resolvi escolher algum dos livros que havia baixado no meu kindle para matar o tempo durante o longo percurso. Não me lembro ao certo o motivo, mas, lembro de ter comentado com minha irmã e companheira de viagem, que dessa vez não queria nada que me fizesse chorar (talvez eu tivesse acabado de ler um livro daqueles “barra-pesada”). Sabe-se lá porque escolhi Extraordinário, de R.J. Palácio. Talvez pela capa, por ser uma história de crianças, por parecer algo leve e inofensivo.  Ótima escolha para se emocionar. Péssima escolha para o meu objetivo inicial de apenas matar o tempo sem maiores consequências. Lembro-me de ler para Lú um pequeno trecho, no qual a mãe de Auggie, o protagonista finalmente conhece o filho recém-nascido após ter percebido as reações preocupadas dos médicos. Minha irmã ouviu atenta e me respondeu com uma pergunta: Era assim que você não queria chorar?!

Pois eis que, como era de se prever, a comovente   história de Auggie, um menino que nasceu com o rosto desfigurado devido a uma síndrome e aos 10 anos vai pela primeira à escola, virou filme.  É claro que eu não poderia deixar de conferir e assim o fiz assim que o filme estreou no circuito brasileiro.

A adaptação cinematográfica é bem fiel e assim  como no livro, cada trecho da história é narrado por um personagem diferente. Somos apresentados aos pontos de vista do próprio Auggie, de Via, sua irmã mais velha, Jack, seu melhor amigo e da melhor amiga de Via. É uma ótima estratégia para percebermos que as pessoas por vezes agem de maneiras equivocadas e magoam os outros, sem serem necessariamente más.

Extraordinário é a história de uma família, que pode até ser considerada feliz, mas, tem sua rotina alterada com a chegada de um menino, que ainda tão jovem já realizou inúmeras cirurgias para poder sobreviver e tem uma série de limitações físicas.  A mãe largou o emprego para cuidar dele, a irmã está sempre em segundo plano devido as dificuldades do caçula e o pai tenta equilibrar tudo e manter o humor. Mas, em que pesem as dificuldades, eles se amam, são cheios de calor humano e se esforçam para lidar da melhor forma com a diferença de Auggie e tentar prepara-lo para o mundo.  Por isso a decisão de matriculá-lo em uma escola e as inseguranças que essa decisão traz. O amor entre os personagens, suas fraquezas e forças faz com que seja muito fácil se identificar com aquelas pessoas e torcer por elas. Uma curiosidade é que no livro a avó é a mãe de Auggie são brasileiras e no filme, embora sua nacionalidade não seja explicitada, a avó é vivida pela atriz Sônia Braga, em uma pequena mas significativa participação.

O pequeno Jacob Tambley, que eu já conhecia de O quarto de Jack, é um encanto e segura muito bem o papel, mesmo debaixo de uma prótese pesada. Parece ser o caso de um ator mirim talentoso que veio para ficar. Aliás, de uma forma geral, as crianças do filme estão muito bem.

Em que pese as diferenças físicas,  Auggie é uma criança como qualquer outra: gosta de brincar, é fã de ficção científica, ama sua cachorra Dayse e sofre ao perceber os olhares diferentes. Aliás, essa é justamente uma das melhores coisas do filme: o fato dele ser simplesmente uma criança com tudo que isso implica.

Extraordinário é um filme repleto de doçura e delicadeza, daqueles  que nos faz sair do cinema meio chorando, meio sorrindo e com a esperança de que o mundo pode sim ser um lugar melhor.

Você pode ler aqui a crítica de Andréa Cursino no Cinema para sempre: http://cinemaparasempre.com.br/index.php/2017/12/07/critica-extraordinario

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