A Dama de Shangai (The Lady from Shangai) / Eua, 1947. 87 min. / Direção: Orson Welles / Com: Rita Hayworth, Orson Welles, Everett Sloane, Glenn Anders
Orson Welles despontava como um dos mais brilhantes cineastas de sua geração após o impacto de “Cidadão Kane” (1941) e aceitou o desafio de transpor para as telas o romance de Sherwood King assumindo o controle total da obra para desespero do chefão da Columbia, Harry Cohn que não via com bons olhos os desmandos de Welles. Casado com a exuberante Rita Hayworth, estrela absoluta do estúdio, que aqui interpreta uma estonteante femme fatale, Welles apresenta um trabalho que caminha no sentido contrário de tudo que era produzido em Hollywood nos anos 40.
“A Dama de Shangai” (The Lady from Shangai no original) é um noir absoluto, com todas as características deste movimento mas com uma identidade ímpar, permanecendo impactante até os dias atuais. A produção sofreu vários revezes, com sua estreia adiada em um ano, recebeu cortes substanciais e o roteiro era alterado todos os dias deixando a equipe atônita com o tornado inspirador do cineasta, que nunca foi reconhecido por fartas bilheterias (seus filmes sempre foram fracassos de público).
Mas “A Dama de Shangai” merece um lugar de destaque na história do cinema, pela coragem de enfrentar um sistema rígido e padronizado e pela ousadia criativa de um gênio incompreendido em Hollywood.