A Dama de Shangai (The Lady from Shangai) / Eua, 1947. 87 min. / Direção: Orson Welles / Com: Rita Hayworth, Orson Welles, Everett Sloane, Glenn Anders

Orson Welles despontava como um dos mais brilhantes cineastas de sua geração após o impacto de “Cidadão Kane” (1941) e aceitou o desafio de transpor para as telas o romance de Sherwood King assumindo o controle total da obra para desespero do chefão da Columbia, Harry Cohn que não via com bons olhos os desmandos de Welles. Casado com a exuberante Rita Hayworth, estrela absoluta do estúdio, que aqui interpreta uma estonteante femme fatale, Welles apresenta um trabalho que caminha no sentido contrário de tudo que era produzido em Hollywood nos anos 40.

“A Dama de Shangai” (The Lady from Shangai no original) é um noir absoluto, com todas as características deste movimento mas com uma identidade ímpar, permanecendo impactante até os dias atuais. A produção sofreu vários revezes, com sua estreia adiada em um ano, recebeu cortes substanciais e o roteiro era alterado todos os dias deixando a equipe atônita com o tornado inspirador do cineasta, que nunca foi reconhecido por fartas bilheterias (seus filmes sempre foram fracassos de público).

Mas “A Dama de Shangai” merece um lugar de destaque na história do cinema, pela coragem de enfrentar um sistema rígido e padronizado e pela ousadia criativa de um gênio incompreendido em Hollywood.

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Zeca Seabra – Cinéfilo carioca com formação em Comunicação Social pela Puc em 1980 e em Hotelaria pela Estácio de Sá em 1983. A partir de 1995 participou de vários cursos e em 2006 começou escrevendo textos críticos para o blog paulista “Cinema com Pipoca”, um dos primeiros a tratar do assunto. Desde 2010 participa de debates e encontros com textos já publicados em catálogos de mostras especializadas. Em 2016 participou da oficina crítica cinematográfica com o renomado crítico francês Jean-Michel Frodon. É membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro) desde 2013 e crítico do site Almanaque Virtual.

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