Poropopó leva a família a se divertir e conhecer mais da essência do cinema 

É sempre uma alegria em ver o cinema brasileiro investir no cinema para nossas crianças e adolescentes. E Poropopó tem uma missão diferenciada, não apenas entretêm a criançada, mas as estimula a conhecer mais sobre história do cinema e do circo.

Para começar Poropopó é cinema mudo modernizado. Ele brinca com as linguagens e trás elementos dos filmes de George Mélier, o pai do cinema de ficção, junto com elementos de circo, a pantomima, que trabalha a comunicação por gestos sem precisar de fala, e técnicas de animação e tem muitas bases sonoras trazendo a sonoplastia como um dos elementos de comunicação.

A trilha sonora é de Daniel Gonzaga e cumpre muito bem essa função de ligação entre as linguagens usadas.

O filme é um projeto criado por Denise Bernardes e incentivado pelo cineasta Roberto Farias. O roteiro foi escrito por Denise Bernardes e Rodrigo Parra, e  dirigido por Luiz Antônio Igreja.

O filme fala das aventuras de uma família de circo que resolve sair do circo e morar numa cidade. Só que tem um detalhe, sabe aquela famosa frase: “Você tira a pessoa do lugar, mas não tira o lugar da pessoa?” é bem por ai.

O filme começa no circo e mostra a família Dandelion em sua atividade circense. E nessa fase, que vemos muitos dos elementos dos filmes de Mélier. O líder da família no circo é Zé Dadelion interpretado por Amir Haddad que está muito parecido com o pai do cinema de ficção, assim como André Abujamra que está muito bem caracterizado como a mulher Barbada Dadelion, fisicamente parecido com um dos personagens dos filmes de Mélier.

Todos os carros do filme são Fuscas. O carro da família Dadelion é diferente dos outros, cada parte tem uma cor diferente, bem como o temperamento e personalidade da família circense.

A família vai morar em uma casa ao lado da casa de uma família bem tradicional da cidade. O pai é todo sério, mas protagoniza cenas engraçadas com elementos da comédia pastelão.

As mães se entrosam logo, assim como seus filhos Julieta e Romeu. A filha mais velha dos Dadelions, Julieta, interpretada por Letícia Pedro, que interpretou a Mile da série “D.P.A – Detetives do Prédio Azul”, do canal Gloob, acaba ficando amiga e romanticamente ligada ao Romeu, filho da família da casa ao lado. Ela nasceu circense e só conhece as brincadeiras lúdicas e tem necessidade de contato com outras pessoas. Antes da internet, do celular com seus aplicativos e jogos, as crianças brincavam presencialmente umas com as outras.  

Romeu é interpretado pelo ator Luigi Montez, que foi apresentador do programa “Tem Criança na Cozinha” também do canal Gloob, e ele representa a infância tecnológica, as crianças que só ficam em celular e vídeo game. O Romeu ainda brinca com um drone. A doce Julieta é quem leva vida para Romeu e na divertida brincadeira de montar um palco na pracinha, eles conquistam todos na cidade.

A direção de Luis Igreja é segura e objetiva em juntar elementos e transmitir mensagens. Um dos pontos importantes é dirigir o elenco que aqui tem o trabalho redobrado de mandar mensagem, contar uma história com quase nenhuma fala.

É importante que quem dirige entenda toda a essência da história e do roteiro. Aqui Luis Igrejas captou a intenção e os elementos do roteiro criado por Denise Bernardes e Rodrigo Parra e acrescentou sua visão de algo que as crianças de hoje desconhecem, os primeiros elementos do cinema, o cinema mudo, os primeiros filmes de ficção e a base de tudo que temos no cinema hoje em dia.

Isso mostra um talento nato como diretor e as crianças agradecem se Igrejas continuar trabalhando para elas em mais filmes do gênero. O cinema brasileiro tem um mercado gigante e pouco explorado. Filmes como “Poropopó”, “Turma da Mônica”, “Além da Lenda” mostra que temos muito potencial para criar nossas crianças com nossas histórias, nossa cultura e preparar cada criança a se tornar um público de cinema adulto com mais possibilidades de absorver informações e abrir um campo de criatividade que pode ajudar muito na carreira que escolher para desempenhar ao logo da vida.

Poropopó é um lindo filme como história, como arte e como técnica, já que os elementos usados como animação, fotografia, direção de arte, maquiagem e efeitos  visuais foram usados sem muitos recursos, mas com muita competência e criatividade. É muito bom saber que tem produtoras com a Valkyria Filmes e a distribuidora Cavideo apostam em bons projetos mesmo que sejam pequenos e com pouca verba. Afinal, nada começa grande e eles embarcaram em uma possibilidade de mostrar que o nosso cinema tem muito potencial para crescer e se espalhar para o mundo como referência de um cinema a ser consumido e respeitado em todos os lugares do nosso planeta azul.

Eu recomendo que as famílias possam se divertir na sala de cinema com o Poropopó e mostrando que o filme tem possibilidades para mais. Tomara que possamos contar no ano que vem com o “Poropopó 2”.  

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