Não é fácil fazer um filme que múltiplas histórias se encontram. O desafio é fazer tudo se conectar sem fazer que fique confuso e haja atropelos. Depois de Ser Cinza buscou cumprir esta missão contando histórias de três mulheres, Isabel, Suzy e Manuela que se apaixonaram por um homem, Raul. A intenção de abordar a complexidade dos relacionamentos modernos foi cumprida, mas houve alguns momentos que a montagem ficou confusa. Contudo, estas confusões não comprometeram o resultado final do filme que tem boas qualidades.
A primeira é abordar os relacionamentos amorosos que cada vez ganham mais novas abordagens. A carência afetiva, as idas e vindas, a complexidade destes cenários ganham texturas bens densas e corretas a trama. As atuações de Elisa Volpatto (Isabel), Suzy (Brana Messina) e Manuela (Silvia Lourenço) são impecáveis e são o grande destaque da trama. A força que carrega as personagens dá o tom da trama.
A fotografia também foi muito bem construída. Aliada, a escolha de cenários muito bem escolhida e ajustou perfeitamente com a densidade da história. O filme é filmado em Porto Alegre e nas cidades de Dubrovnik, Zadar e Zagreb na Croácia. Estas escolhas bem assertivas fizeram o filme ter méritos que merecem ser destacados.
Há um porém que não compromete o resultado final, mas é um ponto baixo. Que são os momentos confusos em alguns momentos que tornaram o filme em alguns momentos cansativo. A intenção do filme é realmente não ser linear, com várias idas e vindas e isso em 95% da história funcionou, mas como também é propósito fazer o espectador encontrar as peças para formar o quebra-cabeça da história, ele pode ter muita dificuldade em achar duas ou três peças deste enredo.
Depois de Ser Cinza é um filme denso, interessante com bom elenco, qualidades na fotografia, no roteiro e com alguns obstáculos na montagem e edição, mas que merecem ser vistos pelas qualidades que tem de sobra e que traz necessárias reflexões ao longo da história.
